Nova regra afrouxa segurança de redes de transmissão

Sem nenhum alarde, o governo flexibilizou critérios de segurança usados normalmente na operação do setor elétrico. Na tentativa de poupar água dos reservatórios, em meio à maior crise hídrica dos últimos 91 anos, duas grandes redes de transmissão que fazem o escoamento de energia dos subsistemas Norte e Nordeste para o Sudeste/Centro-Oeste deixaram de adotar a exigência de dupla contingência contra falhas ou interrupções. Com isso, o ONS poderá aumentar a “exportação” de energia excedente para o Sudeste/Centro-Oeste, onde os reservatórios estão com apenas 23,9% da capacidade. Como regra, o ONS costuma adotar o critério de confiabilidade N-2 nos principais troncos de transmissão do sistema. Isso significa a existência de dupla redundância contra a perda de elementos da rede. “Agora é necessário fazer tudo o que for possível para ampliar a capacidade de oferta, mas, na prática, com essa medida reduziremos a segurança na transmissão. Como transmitir energia em volumes elevados sem ‘pistas reservas’? Se houver uma queimada ou desligamento na linha, há risco de blecaute”, alerta o coordenador do Gesel da UFRJ, Nivalde de Castro. (Valor Econômico – 19.08.2021)